segunda-feira, 14 de março de 2022

Desmonte de programa de reabilitação do INSS coloca saúde do trabalhador em risco

 Por: CUT Nacional

Reabilitação

CUT – Criado em 2007 durante o governo Lula, o Programa de Reabilitação Profissional do INSS, destinado a trabalhadores acometidos por doenças ou acidentes que os incapacitem de exercer suas funções profissionais, vem sendo gradativamente desmontado pelos governos que assumiram o poder após o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff.

Pensado como uma política de saúde voltada à proteção social de grupos vulneráveis e estruturado por três pilares – a perícia médica, a reabilitação e o serviço social -, o programa teve sua essência destruída pelos governos do ilegítmo Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).

Esse desmonte é parte do plano de desorganização e deterioração de serviços públicos que foi colocado em prática no Brasil após o golpe, analisa a secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida Silva.

Segundo ela, a destruição das políticas previdenciárias e de saúde interessam aos aliados dos grupos políticos de Temer e Bolsonaro que só trabalham para atender interesses dos empresários.

Privatização

“Querem o fim do INSS, a privatização total da Previdência e da saúde no Brasil. Quem perde com isso são os trabalhadores que ficam sem acesso”, diz a dirigente.

O desmonte de dessa política pública foi tema de uma pesquisa publicada na Scientific Eletronic Library Online (Scielo) por dois pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina. No artigo, a analista do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e mestra em sociologia, Kelen Clemente Silva e o professor de sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Dr. Fernando Kulaitis, mostram que desde 2018 o programa vem sofrendo alterações consideráveis que colocam trabalhadores em risco. Os efeitos na saúde do trabalhador serão sentidos nos próximos anos, de acordo com os pesquisadores.

Uma dessas transformações, aponta o estudo, é o sistema de perícias médicas para a avaliação dos trabalhadores acometidos de doenças ou que sofreram acidentes. É a perícia que decide sobre o afastamento e o pagamento de benefícios a esses trabalhadores, garantindo proteção à saúde, à vida e a subsistência econômica durante o período em que não estiverem trabalhando e em tratamento.

“O desmantelamento da Política Pública de Previdência Social, evidenciado por meio da desestruturação do Programa de Reabilitação Profissional em comparação aos moldes em que foi construído, caracteriza desproteção social e desamparo aos trabalhadores adoecidos em seu processo de retorno ao trabalho”, diz trecho do artigo.

O levantamento dos pesquisadores confirma um problema vivenciado por milhões de brasileiros. As perícias vêm cada vez mais dificultando o acesso dos trabalhadores ao afastamento, tratamento e recebimento do benefício a que têm direito. Em geral, o trabalhador tem o benefício negado e têm de voltar ao trabalho, mesmo doente ou incapaz.

O estudo conclui que “o fim do programa, a emissão de certificado e o desligamento sem a devida perícia médica podem acarretar altas indevidas e, consequentemente, o agravamento da saúde do trabalhador, que retornaria para um mercado de trabalho permeado pelo medo do desemprego e desamparo financeiro”.

Além disso, a ausência de assinatura de um perito médico no certificado de reabilitação profissional também coloca em dúvida a credibilidade e a efetividade do Programa de Reabilitação Profissional quanto à saúde do trabalhador.

Levando em consideração que, em 2019, no primeiro ano de mandado, Bolsonaro extinguiu a Diretoria de Saúde do Trabalhador e vinculou a Previdência ao ministério da Economia, é possível ter em mente qual a ideologia do atual governo em relação à vida dos trabalhadores.

Com a extinção da Diretoria, médicos deixaram de fazer parte do quadro de servidores. Ao mesmo tempo foi criada a Perícia Médica Federal. Desta forma o Programa de Reabilitação sofreu com a ausência de médicos e atenção à saúde foi ‘remodelada’.

O que diz o estudo

O estudo mostra que até 2016, o Programa de Reabilitação Profissional tinha como preceitos levar em consideração o modo como se dá o trabalho na sociedade, ou seja, a relação entre prazer e sofrimento, inclusão e exclusão, saúde e doença e, em especial, trabalho e adoecimento incluindo como fundamental a saúde do trabalhador e a reabilitação profissional. Essa característica, voltada ao social, se perdeu ao longo dos anos seguintes e o primeiro passo foi burocratizar tarefas e excluir dos manuais do programa as concepções sobre a saúde do trabalhador.

O caminho adotado para essa mecanização dos conceitos foi justamente as perícias médicas.

Um exemplo: antes, o trabalhador era encaminhado ao programa no momento da perícia médica, após serem identificadas restrições laborais pelo perito médico, o que indicava a necessidade de intervenção da equipe de reabilitação. Havia ainda, além da avaliação médica, uma avaliação socioeconômica e, então, era concluída a perícia, com elegibilidade ou não do segurado ao programa.

Após 2018, a avaliação conjunta foi extinta e dado maior poder ao perito médico, na hora da perícia e isso, conforme diz o estudo, não permite uma avaliação do nexo biopsicossocial do adoecimento.

O modelo ‘biopsicossocial’ compreende as dimensões biológica, psicológica e social da pessoa. Desta forma é possível investigar sintomas físicos para entender como a causa da doença pode estar no organismo do paciente e, portanto, faz toda a diferença na hora de ‘mandar o trabalhador de volta ao trabalho’.

“Nossas vidas não podem estar nas mãos dos peritos porque os trabalhadores passam até seis meses para fazer a perícia que muitas vezes não é aprovada”, diz Madalena.

Ela aponta ainda que há propostas tanto da CUT como de partidos como o PT, que incluíram o tema em seu plano de governo, para usar o Sistema Única de Saúde (SUS) para humanizar as perícias.

“O sistema do SUS pode garantir que os médicos possam fazer perícia pela assistência básica. Os médicos podem fazer esse papel e diminuir a fila – essa longa espera que é desumana e para que os trabalhadores possam ter acesso aos seus benefícios e possam fazer a reabilitação para voltar ao trabalho de forma segura”, explica a dirigente.

sexta-feira, 11 de março de 2022

Para pensar e fortalecer a nossa diversidade histórica

 Por: Visão SINTICAL

Com o assessor jurídico do SINTICAL Dr. Jesus
 e a autora do livro Carmem Pereira

    Na estrada o livro Memória, identidade e mídia em processos comunicacionais Kaingang, publicado pela editora Appris e lançado este ano pela jornalista e assessora de comunicação do SINTICAL, Carmem Rejane Antunes Pereira. 

    O livro é fruto da Tese de Doutorado da autora, que foi vencedora do Prêmio Capes de 2011 e apresenta um estudo de recepção no contexto de indígenas situados nos cenários de Santa Maria e Porto Alegre. Focaliza as experiências dos indígenas com os meios de comunicação, suas relações materiais e simbólicas com a cidade. Essas vivências emergem em narrativas que contam a sua busca por um lugar no campo comunicativo e sua resistência para continuar narrando seus feitos, suas demandas e seus sonhos. O objetivo do livro é ampliar a leitura sobre dinâmicas culturais, históricas e comu-nicacionais e a o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas. Esses direitos, consagrados pela Constituição Federal de 1988, sempre tiveram sua garantia ameaçada; hoje são duramente atacados por garimpeiros, madeireiros, grupos missionários e representantes ruralistas, em consonância com a política de desmonte e enfraquecimento dos órgãos de proteção indígena e ambiental promovida pelo governo Bolsonaro. 

    Carmem Pereira é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria e Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Rio dos Sinos – Unisinos.


quinta-feira, 10 de março de 2022

CUT-RS repudia ameaça de fechamento de varas trabalhistas no interior gaúcho

 Por: CUT/RS

Varas

No Rio Grande do Sul, 9 cidades correm o risco de perder varas trabalhistas instaladas em jurisdições que reúnem cerca de 700 mil  pessoas espalhadas em 58 municípios por efeito da Resolução 296/21 do CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho), órgão de supervisão administrativa da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, formado por membros do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e 5 presidentes de Tribunais Regionais.

Tal resolução vincula a existência das unidades ao número de novos processos, considerando o último triênio. Essa regra, em última análise, coloca em risco todo o Judiciário Trabalhista.

No Brasil, 69 varas se enquadram nos critérios para serem fechadas. No Rio Grande do Sul, as unidades de Alegrete, Arroio Grande, Encantado, Lagoa Vermelha, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento, Santiago, São Gabriel e Rosário do Sul estão ameaçadas.

O que à primeira vista pode parecer racionalidade no uso dos recursos públicos significa, na prática, o aumento da dificuldade de acesso para trabalhadores e trabalhadoras que vivem em regiões distantes e que buscam na Justiça o reconhecimento de direitos negados.

Se tomada, essa medida irá agravar ainda mais os efeitos da reforma trabalhista do golpista Temer, que ao contrário da promessa de geração de milhões de empregos, aprofundou ainda mais o trabalho precário e a retirada de direitos num país de 13 milhões de desempregados e outros 38 milhões na informalidade.

A dificuldade de acesso ao Judiciário também estimula aqueles que se aproveitam da miséria para explorar ainda mais os trabalhadores. A ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) junto à Vara do Trabalho de Uruguaiana, neste mês de março, é um exemplo da importância da presença do poder público em todo o território. Flagradas em exploração de trabalho análogo à escravidão, duas fazendas localizadas no interior de São Borja tiveram bens arrestados para garantir verbas rescisórias a trabalhadores. É a relevância social e não o número de processos distribuídos que deve orientar a existência das unidades.

A CUT-RS orienta os sindicatos filiados a se engajarem nos debates e nas mobilizações contra o fechamento das 9 unidades ameaçadas. Os trabalhadores e as trabalhadoras precisam de mais acesso à Justiça, e não menos.

As 400 vagas de servidores, somente no TRT4, precisam ser preenchidas, como reivindica corretamente o sindicato da categoria (Sintrajufe/RS). A reforma trabalhista e o congelamento do orçamento público (Emenda Constitucional 95/2016) precisam ser revogados.


Porto Alegre, 10 de Março de 2022.

Direção Executiva CUT-RS 

Foto: Divulgação - Sintrajufe/RS

 


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pagamento do abono salarial do PIS/PASEP será retomado no dia 8 de fevereiro

 Por: CUT Nacional

Abono salarial

CUT – O pagamento de até um salário mínimo (R$ 1.212) do abono salarial do PIS/PASEP relativo a 2020, que deveria ser feito a partir de julho do ano passado foi adiado para o início de 2022. Os trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada que têm direito ao abono devem começar a receber de 8 de fevereiro a 31 de março, de acordo com a data de nascimento.

Já os servidores públicos que recebem o abono do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) terão o saldo liberado de 15 de fevereiro a 24 de março, conforme o número da inscrição. O prazo final para o saque do abono salarial termina em 29 de dezembro de 2022 para todos os beneficiários.

A proposta de calendário foi apresentada pelo governo ao Conselho de Desenvolvimento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que deve debater a proposta nesta sexta (7). Os representantes do Codefat (que a CUT faz parte), reúne trabalhadores, empresários e o próprio governo.

São R$ 21,046 bilhões que devem ser pagos a 23,08 milhões de trabalhadores. Confira calendário abaixo.

Entenda como funciona a liberação do abono salarial


Para receber o PIS é preciso ter emprego com carteira assinada, por no mínimo, 30 dias, ter sido registrado no programa há pelo menos cinco anos e ganhar no máximo dois salários mínimos (R$ 2.424).

Os pagamentos do abono salarial são feitos pela Caixa Econômica Federal (CEF), no caso do PIS e o Banco do Brasil, no caso do Pasep.

As instituições financeiras são responsáveis pela checagem dos documentos de quem vai receber, mas os dados do beneficiado são enviados pelo Serpro. Por sua vez, o Serpro faz a sua análise a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), relatório de informações socioeconômicas solicitado às pessoas jurídicas e outros empregadores anualmente.

Os dados da RAIS são colocados pela empresa em que o trabalhador exerce a sua atividade. Podem ocorrer erros de digitação, duplicidade de CPF, entre outros. Isto não quer dizer que esses erros são propositais.

De posse dos dados da RAIS gerados pelo Serpro, a partir das informações dos empregadores, o governo identifica quais os trabalhadores têm direito ao abono. A partir deste reconhecimento gera a obrigação do abono ser pago a partir de julho do mesmo ano em que o trabalhador passou a ter este direito.

Como fazer o cálculo


O cálculo do valor do benefício corresponde ao número de meses trabalhados no ano-base multiplicado por 1/12 do valor do salário mínimo vigente na data do pagamento. O período de serviço igual ou superior a 15 dias em um mês será contabilizado como mês integral, segundo a Caixa Ecômica Federal.

Quem trabalhou um mês recebe R$ 101,00

Dois meses: R$ 202,00

Três meses: R$ 303,00

Quatro meses: R$ 404,00

Cinco meses: R$ 505,00

Seis meses: R$ 606,00

Sete meses: R$ 707,00

Oito meses: R$ 808,00

Nove meses: R$ 909,00

Dez meses: R$ 1.010,00

Onze meses : R$ 1.111,00

Doze meses: R$ 1.212,00

Calendário proposto pelo governo para pagamento do PIS


Mês de nascimento       Recebem a partir de          

Janeiro                                  08/02/2022

Fevereiro                               10/02/2022

Março                                    15/02/2022           

Abril                                      17/02/2022           

Maio                                      22/02/2022           

Junho                                    24/02/2022           

Julho                                     15/03/2022           

Agosto                                   17/03/2022          

Setembro                               22/03/2022                                

Outubro                                 24/03/2022

Novembro                              29/03/2022

Dezembro                              31/03/2022

O último dia de pagamento para todos é 29 de dezembro de 2022

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Nova Santa Marta, um símbolo da luta pela moradia

Por: Jornal Visão SINTICAL

Caminhada e bloqueio da BR 287,
no trevo de acesso à COHAB Santa Marta

A Nova Santa Marta, a maior ocupação urbana da América Latina, está completando 30 anos de conquista, neste dezembro. A ocupação ocorreu em sete de dezembro de 1991 e se tornou um símbolo da luta pela moradia. Quarto bairro mais populoso de Santa Maria, conta com avanços em infraestrutura, mas ainda carece de políticas públicas e serviços essenciais. A própria regularização fundiária foi conquistada recentemente. 

O SINTICAL apoiou a ocupação desde o início e após implantou duas turmas do MOVA (Movimento de Alfabetização) durante o governo Olívio Dutra, entre outras ações. Hoje, muitos trabalhadores da categoria residem lá. Entre eles, o ex-diretor do sindicato e representante do Movimento Nacional da Luta pela Moradia, Vanderlei dos Santos Pereira: 

“Quero agradecer ao Sindicato da Alimentação pela luta conjunta que fizemos em 1991, assim como todos os outros sindicatos e movimentos sociais. São 30 anos de lutas e conquistas, em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras e continuamos juntos lutando em defesa de moradia digna e contra a retirada dos nossos direitos”! 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Homenagem na Câmara dos Deputados aos 30 anos da ocupação da Nova Santa Marta, de Santa Maria

 Por: Câmara dos Deputados - Comissão de Legislação Participativa

A cidade de Santa Maria (RS), como a ampla maioria dos municípios brasileiros, conta com desafios enormes para viabilizar uma reforma urbana que garanta direitos básicos à população, entre os quais o direito à moradia. Em 7 de dezembro de 1991, centenas de famílias ocuparam a então Fazenda Santa Marta, à Oeste da cidade, na esperança de conquistar dignidade aos seus. Desapropriação feita, pelo então governador Olívio Dutra, os avanços começaram a ser sentidos. Hoje o bairro Nova Santa Marta cresceu, se tornou o quarto mais populoso da cidade e recebeu investimentos municipais, estaduais e federais.

O exemplo positivo do Nova Santa Marta, que completa três décadas nos próximos meses, expressa as necessidades que boa parte da população brasileira convive. Segundo estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), existe um déficit de 7,9 milhões de moradias no país, o que corresponde ao total de 14,9% dos domicílios brasileiros.

*Em homenagem às conquistas da comunidade do Nova Santa Marta

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Centrais defendem reajuste de 10,3% no piso regional em reunião com empresários e deputados

 Por: CUT/RS

Gabriel 2010-2

Em reunião inédita com a Fiergs, Fecomércio, Farsul e deputados para tratar do salário mínimo regional do Rio Grande do Sul, as centrais sindicais defenderam reajuste de 10,3%, retroativo a 1º de fevereiro deste ano, a fim de repor a inflação de 2019 e 2020. 

A mesa de diálogo foi promovida, na tarde desta quarta-feira (20) pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Gabriel Souza (MDB), com a participação dos deputados Luiz Fernando Mainardi (PT), Valdeci Oliveira (PT) e Zé Nunes (PT). O deputado Elton Weber (PSB) acompanhou de forma remota.

O encontro ocorreu após iniciativa das centrais, que em 5 de agosto se reuniram com o presidente da Casa para solicitar uma interlocução com o governo Eduardo Leite (PSDB) e os empresários para construir uma saída para a valorização do mínimo regional, que é pago para cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas.

Dois anos e oito meses de congelamento

Os dirigentes sindicais lembraram que o chamado piso regional está congelado desde 1º de fevereiro de 2019, o que significa dois anos e oito meses. No ano passado, o governador enviou um projeto de lei aos deputados com reajuste de 4,5%, que correspondia ao INPC de 2019, mas depois a sua base aliada votou reajuste zero e ele sancionou. Neste ano, o governo encaminhou um projeto em 15 de julho com elevação de apenas 2,73%, o equivalente a 50% do INPC de 2020, o que é inaceitável.

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As centrais ressaltaram que a reivindicação de 10,3% representa a variação do INPC de 2019 e 2020, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A cesta básica de Porto Alegre acumulou alta de 34,7% nos últimos dois anos, variando mais de três vezes o INPC do período. E os preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da energia elétrica dispararam.

Os sindicalistas frisaram também que, conforme análise do Dieese, Santa Catarina e Paraná também possuem piso regional. No entanto, os vizinhos reajustaram os respectivos mínimos regionais em 2020 e 2021, cumulativamente, em 10,62% e 12,29%, respectivamente, e possuem menores taxas de desemprego.

Mínimo regional aquece economia e não gera desemprego

O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, destacou que “o mínimo regional, além de distribuir renda, ajuda a aquecer a economia gaúcha, pois o que trabalhador recebe vai direto para o consumo aqui, estimulando o comércio e a indústria”. 

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O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, lembrou que o piso regional não gera desemprego, como mostrou o Nobel da Economia de 2021, o canadense David Card, cujos estudos revelaram que o aumento do salário mínimo não leva a menos vagas de trabalho, ao contrário do que vivem alardeando setores empresariais. 

Os representantes das federações empresariais se limitaram a repetir posições atrasadas, ignorando a realidade da classe trabalhadora e a importância do emprego e da renda para o desenvolvimento social e econômico do Estado. O dirigente da Fecomércio, que falou de forma remota, voltou a propor “a extinção do piso regional”.

O presidente Assembleia sugeriu uma nova análise do quadro após a entrega do parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre o projeto do governador, cujo relator é o deputado Mainardi, que também é o relator da subcomissão do piso regional, criada pela Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, com prazo de funcionamento de 120 dias. 

Audiência pública nesta quinta

O reajuste do mínimo regional será tema da audiência pública híbrida que a Comissão de Economia, presidida pelo deputado Zé Nunes, promove nesta quinta-feira (21), às 11h, no Teatro Dante Barone, com acesso liberado para 40% de sua capacidade. 

O encontro foi proposto pelo deputado Mainardi, que pretende apresentar o seu parecer com uma emenda, garantindo o reajuste de 10,3%. “A Constituição determina a correção da inflação no salário mínimo. Vale a mesma coisa para o salário mínimo regional. Para ser constitucional, o projeto precisa pelo menos garantir essa correção”.

Gabriel 2010

Haverá transmissão ao vivo através.de uma cobertura em rede pelo Facebook nas páginas das centrais sindicais e da mídia independente a partir da TV Assembleia. 

Antes da audiência pública, as centrais realizam uma manifestação em frente ao Palácio Piratini, cobrando o reajuste de 10,3% para o piso regional.

Ato - piso regional

Assista à avaliação do dirigente da CUT-RS sobre a reunião

Fotos: Joel Vargas | Agência ALR

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Até dia 24, vote NÃO no Plebiscito Popular sobre Privatizações no RS

 Por: CUT/RS

Santa Maria vota (2)

A primavera da democracia começou. Teve início neste sábado (16) o Plebiscito Popular sobre as Privatizações no RS, organizado pela CUT-RS, centrais sindicais, movimentos sociais e populares e partidos políticos. Apesar da chuva, o primeiro dia de votação contou com forte participação de gaúchos e gaúchas.

Mais de 200 municípios abriram locais de coleta de votos, sob forma presencial, em praças, sindicatos, associações, escolas, comércio, igrejas, sedes de partidos políticos. Além dos votos obtidos em cédulas impressas, a plataforma na internet registrou mais de 19 mil votantes.

No interior do Estado, um dos pontos mais movimentados foi o Feirão Colonial de Santa Maria. Cidades como Cachoeira do Sul, Candelária, Rolante e Panambi transformaram praças em verdadeiras seções eleitorais. Em São Pedro do Sul, foi registrado o voto da eleitora mais idosa do dia, Verônica Einloft, de 92 anos.

Feicoop votando

Já em Santana do Livramento, na fronteira do Brasil com o Uruguai, Gelson Xavier Dachi foi o primeiro a votar. “Tem que dar apoio a essa votação, fortalecer a democracia, a decisão é do povo”, declarou. 

Na região metropolitana, teve ato de abertura da votação na parada 48 de Alvorada e, em Viamão, o comitê municipal disponibilizou espaços com computadores, para que as pessoas pudessem votar direto na plataforma.

Vita votando
Secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, votou em Santa Maria.

Em Porto Alegre, foram registradas movimentações intensas na Restinga e na Lomba do Pinheiro. Na Restinga, uma banca de rua organizada pelas lideranças comunitárias chegou a ter fila para votar. A votação foi prestigiada pelo presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, pela secretária de Formação da CUT-RS, Maria Helena Oliveira, e pela presidente do PT de Porto Alegre, Maria Celeste. Na Lomba do Pinheiro, as lideranças coletaram votos através de urnas itinerantes.

Além dos locais organizados pelos comitês zonais, a Capital contou com urnas em sindicatos, como no Sinttel-RS, locais de comércio e serviços. Um deles foi o Armazém do Campo, a loja da Reforma Agrária, na Cidade Baixa. Outro exemplo é o Salão de Beleza da Cleia, no bairro Santa Tereza, onde a clientela foi convidada a votar no plebiscito.

A votação se estende até o próximo domingo (24).

Sinttel vota

Como votar

Para votar online, basta acessar a plataforma, lançar o nome e o CPF e registrar sua opinião.

Clique aqui para votar online.

Para votação presencial, confira os locais na sua cidade no site www.plebiscitopopular.com.br 

Confira as três perguntas que cada participante deve responder!

Perguntas (2)

Para saber mais sobre o Plebiscito Popular, acesse o site do Plebiscito Popular

terça-feira, 28 de setembro de 2021

CUT-RS e centrais preparam ato de 2 de outubro pelo “Fora Bolsonaro” em Porto Alegre

 Por: CUT/RS

Card - 02Out

A CUT-RS e as centrais sindicais, junto com as frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Povo na Rua e os movimentos sociais e populares, estão preparando os atos pelo “Fora Bolsonaro” no Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre será realizado uma caminhada, com concentração às 15 horas, no Largo Glênio Peres.

Também estão sendo organizados atos unificados no interior do Estado, visando ampliar a participação do povo gaúcho e reforçar a luta.

“Com o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, as revelações escandalosas da CPI da Covid e as mentiras espalhadas na Assembleia Geral da ONU, a situação do Bolsonaro se tornou insustentável e a saída é o impeachment já do presidente”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

“Por isso, vamos outra vez tomar as ruas do país, usando máscaras e mantendo distanciamento, para exigir o fim deste governo que não defende a vida, não tem políticas de emprego e renda, não combate a fome e a miséria, privatiza estatais, ataca os serviços públicos e os direitos dos trabalhadores e está destruindo o Brasil”, destaca.

Amarildo e fora Bolsonaro

Para Amarildo, “chegou a hora de darmos um passo adiante na direção de agregar outros segmentos sociais, como as pessoas e entidades que se manifestam publicamente pelo Fora Bolsonaro e em defesa da democracia”.

As centrais já produziram um panfleto para chamar a população a participar da manifestação em Porto Alegre. O texto apresenta dez motivos para ir às ruas. Milhares de exemplares já começaram a ser distribuídos em vários bairros da Capital.

Clique aqui para acessar o PDF do panfleto.

Dez motivos2

Fonte: CUT-RS

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Quando Seu Cipriano e Dona Tereza encontraram Paulo Freire – por Leonardo da Rocha Botega

Por: Leonardo da Rocha Botega, no sítio do Claudemir Pereira

Na luta contra o analfabetismo, duas personagens que fazem história em SM

Ano 2000, em poucos meses iniciaria um novo século. Um século que era prometido e projetado como o século das grandes tecnologias. O século que se findava já havia sido marcado por intensas transformações nesse campo. O avião, a internet, o computador portátil, o fax, o celular, a televisão, os antibióticos e a bomba atômica foram frutos de uma dinâmica histórica de modernização e, também, de barbárie.

Ao longo do século XX, somando as duas grandes guerras e os inúmeros conflitos localizados, tivemos aproximadamente os mesmos números bélicos dos mil anos da Idade Média. No campo econômico, o número de crises, de maior ou menor intensidade, de longe superou qualquer outro século da história. No campo social, no Brasil do ano 2000, cerca de 14 milhões de pessoas viviam em situação de insegurança alimentar, mesmo com o boom que o setor agroexportador vinha tendo desde a década de 1970. No campo educacional, 12,8% de brasileiros e brasileiras eram analfabetos, entre eles Seu Cipriano e Dona Tereza.

Seu Cipriano era um senhor de meia idade, trabalhador de uma empresa da indústria da alimentação em Santa Maria. Soube, a partir de um boletim sindical, que no salão de festas do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas da Alimentação de Santa Maria e Região estavam ensinando as pessoas a ler e a escrever. Se inscreveu para as aulas e pelas mãos da educadora popular Maria do Carmo aprendeu a ler e a escrever. Cada palavra nova era uma festa que contagiava toda a sua turma. 

Não era apenas em seu salão de festas que o SINTICAL auxiliava na luta contra o analfabetismo. Na parceria que havia estabelecido com o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, o MOVA-RS (Projeto do governo do Estado na gestão de Olívio Dutra), o sindicato também havia abraçado de forma solidária uma outra turma de alfabetização situada no Clube de Mães da comunidade Pôr do Sol, na Nova Santa Marta. Foi lá que Dona Tereza, uma avó septuagenária, também buscou o contato com as palavras.

Dona Tereza tinha dois objetivos bem definidos: aprender a ler para aprender novas receitas de culinária; e aprender a ler o nome do ônibus que devia embarcar para vir ao centro da cidade. Até então, ela localizava o ônibus pelo motorista, porém, quando trocava o motorista, constrangida, tinha que recorrer a ajuda de algum estranho. Certo dia chegou na aula e, extremamente feliz, se dirigiu a educadora popular Iara contando que finalmente havia conseguido ler “a placa” do ônibus.

O filósofo e educador Paulo Freire afirmou, em muitas de suas obras, que no processo de alfabetização não basta o educando aprender a ler as palavras, ele deve também aprender a ler o mundo. O aprendizado da leitura do mundo fez Seu Cipriano entrar para a direção do seu sindicato, se tornando, inclusive, presidente. Foi nessa condição que, no dia 11 de maio de 2006, juntamente com mais dois companheiros e uma companheira, se dirigia a Porto Alegre para uma reunião de negociação. Infelizmente, a reunião acabou não acontecendo. Seu Cipriano e os demais acabaram falecendo em um trágico acidente de automóvel. Anos mais tarde, Seu Cipriano foi homenageado com a denominação de um loteamento na cidade: Cipriano da Rocha.

Este mesmo aprendizado fez Dona Tereza ler o seu mundo e conquistar a liberdade de ir e vir sem constrangimentos. Infelizmente, não tenho mais nenhuma informação sobre o seu destino pós-MOVA-RS. O que posso afirmar é que foi uma pessoa muito feliz naquela sala de chão batido, onde as aulas se interrompiam com a ausência da luz solar. Ali, assim como Seu Cipriano no salão do SINTICAL, Dona Tereza encontrou Paulo Freire. Suas vidas nunca mais foram as mesmas. O método inventado pelo patrono da educação brasileira, que no próximo dia 19 de setembro completaria 100 anos, havia dado novos sentidos as suas vidas.         

(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve no site às quintas-feiras, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).

Nota do Editor. A foto (sem autoria determinada) de Paulo Freire, que ilustra esse artigo, é uma reprodução da internet. Freire, o patrono da Educação brasileira, se vivo fosse, faria 100 anos neste domingo, 19 de setembro.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Precarização crescente do trabalho preocupa senadores da CDH Fonte: Agência Senado

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação participativa ouviu especialistas em direito do trabalho: MP 1.045/2021 recebeu duras críticas

 Por: Agência Senado


                                                                                                                        


A MPV institui o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
. Foi editada para garantir o pagamento de uma parte do seguro-desemprego ao trabalhador que teve o contrato suspenso ou o salário e a jornada reduzidos por conta da pandemia. A versão que saiu da Câmara incluiu alterações em direitos trabalhistas. Impede, por exemplo, o acesso à Justiça gratuita àqueles que tenham renda familiar mensal per capita acima de meio salário mínimo ou renda familiar mensal acima de três salários mínimos.A crescente precarização do trabalho no Brasil foi o tema da audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) desta sexta-feira (27). Os convidados expressaram preocupação com a Medida Provisória 1.045/2021, criada para regular situações emergenciais geradas pela pandemia da covid-19. A versão aprovada na Câmara dos Deputados incluiu dispositivos considerados "jabutis" (alheios à proposta original), que flexibilizam em definitivo diversos aspectos das relações de trabalho. A sugestão legislativa que cria o Estatuto do Trabalho foi apresentada na audiência como alternativa para proteger os direitos trabalhistas ameaçados.

Presidindo a audiência, o senador Paulo Paim (PT-RS) apontou as estatísticas de desemprego como refutação de um argumento central dos defensores da MPV — que a flexibilização geraria empregos. Lembrou que antes da reforma trabalhista de 2017, no governo Michel Temer, o índice de desemprego era menor. Com salários menores, ponderou Paim, o trabalhador deixa de consumir e o empregador fatura menos.

— Se puderem, eles fazem voltar a escravidão. Essa MP que veio da Câmara não está muito longe disso, não. É muito ruim. É desumana, impiedosa. A saída é rejeitar ou caducar. Reforma trabalhista não gera emprego. Pelo contrário. O que gera emprego é demanda — afirmou o senador gaúcho.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) corroborou a fala de Paim, e disse que o governo deveria, em vez de retirar direitos, investir na recuperação da economia:

— A gente tem que dizer ao povo brasileiro que essa MP é cruel. Ela quer deixar alguns trabalhadores como uma segunda categoria. Não duvidem do que esse governo é capaz de fazer — afirmou Zenaide.

Estatuto

O Estatuto do Trabalho, proposta que tramita como a Sugestão Legislativa 12/2018, é de autoria da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT), da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), da Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho (ANPT) e do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait). O texto é resultado de debates com representantes de empregados, trabalhadores e especialistas em relações trabalhistas, ocorridos em 2017 e 2018.

Alguns debatedores da audiência da CDH desta sexta — como Hugo Melo Filho, presidente da ALJT, e Eneida Dutra, doutora em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) — criticaram aquilo que classificaram como uma estratégia do governo para impedir maior debate parlamentar sobre as propostas de retirada de direitos, incluindo "jabutis" via emendas de relator, apresentadas em plenário às vésperas da votação.

Também foram criticados programas governamentais incluídos no texto da MPV aprovado pela Câmara, sobretudo o Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego (Priore), direcionado a jovens entre 18 e 29 anos. Ele é semelhante ao Carteira Verde e Amarela, proposto com a MP 905/2020, e que perdeu a vigência sem ser votado. Para Antonio de Oliveira Lima, diretor legislativo da ANPT, trata-se de programas "precarizantes" das relações de trabalho:

— O Priore deveria se chamar 'Piore': piora a situação dos trabalhadores. Cria para o pobre uma política pobre. Se a Câmara deixou passar a boiada, que o Senado feche essa porteira — declarou, fazendo referência à expressão usada pelo ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para se referir à aprovação em bloco de medidas consideradas impopulares durante a pandemia de covid-19.

Mais informações a seguir

Fonte: Agência Senado

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Reforma Trabalhista de Bolsonaro: Saiba o que piora na vida do trabalhador

 Por: CUT Nacional

Precisa saber

CUT – Sem proposta para criação de emprego decente para jovens de 18 a 29 anos e pessoas acima de 55 anos, o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) contou com o apoio de seus aliados na Câmara dos Deputados para aprovar a Medida Provisória (MP) nº 1045, da reforma Trabalhista, que retira diversos direitos garantidos na Constituição

Para a MP passar a valer é preciso que o Senado também a aprove a proposta até sete de setembro. Para impedir mais este ataque vergonhoso aos direitos trabalhistas, representantes da CUT e demais centrais se reúnem nesta quarta-feira (24) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). No encontro previsto para às 15h, será solicitado que a tramitação da MP seja suspensa para que perca a validade. 

A MP cria dois novos modelos de contrataçao, sem direitos: o Regime Especial de Qualificação e Inclusão Produtiva (Requip) e o Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego (Priore). Ambos tiram direitos dos trabalhadores.

Confira o que piora na na vida do trabalhador e da trabalhadora se essa MP for aprovada

1 – Contratação pelo Requip

Fim da carteira assinada

O Requip prevê o fim da carteira assinada para trabalhadores de 18 a 29 anos.  As empresas poderão ter até 15% de seu quadro funcional neste modelo, sem direitos

Leia mais: Reforma Trabalhista é projeto da elite do atraso e escravagista, diz Luiz Marinho 

Trabalhador receberá metade do salário mínimo

Trabalhador contratado pelo Requip receberá apenas um bônus de R$ 550 mensal, por uma carga horária de 22 horas semanais.

Fim do 13º salário

O Requip acaba com o 13º salário.

Sem FGTS

Trabalhador contratado pelo Requip também não terá direito ao Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço (FGTS)

Sem aposentadoria e auxílio-doença

As empresas que contratarem pelo Requip não precisam depositar a alíquota referente ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que garante tempo de contribuição para a aposentadoria e direito ao auxílio doença.

Férias sem remuneração

Ao término de 12 meses de trabalho, o contratado poderá ter 30 dias de descanso, mas sem pagamento das férias

Empresas pagam menos impostos

Os patrões poderão deduzir o pagamento do Requip da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Luro Líquido (CSLL). A empresa também poderá reduzir de 30% para 15% o que paga ao Sistema S.

Tira estudantes da escola

Os programas destinados a emprego de jovens não estão atrelados à continuidade de estudos, o que pode tirá-los da escola para trabalhar.

2-  Contratação pelo Priore

As empresas podem contratar jovens de 18 a 29 anos e também pessoas com idade igual ou superior a 55 anos, que estão sem vínculo formal de trabalho por mais de 12 meses. O salário será de, no máximo, R$ 2.200.

13º salário parcelado

Na contratação pelo Priore, o valor do 13º salário será pago ao longo de 12 meses, impedindo que o trabalhador receba o bônus completo no final do ano.

Férias parceladas e sem adicional

O trabalhador também receberá o valor das férias parceladas ao longo dos meses do contrato e sem os 40% adicionais.

FGTS reduzido

O Priore permite que empresas reduzam a multa sobre o FGTS de 40% para 20%.

Valor dos depósitos também diminui.  Empresas de grande porte poderão pagar 6% de alíquota ao Fundo; as de médio porte 4% e as de pequeno porte vão contribuir com apenas 2%.

Outros direitos retirados

Horas com valor menor

A hora extra paga hoje de 50% (segunda a sábado) e 100% (domingos ou feriados), diminui para apenas 20%.

Serão afetados os aeroviários, aeronautas, advogados,  bancários, dentistas, engenheiros, jornalistas, médicos, músicos, secretários (as) e  telefonistas (como operadores de telemarketing).

Redução de multas pagas ao trabalhador

O trabalhador não terá direito a 50% dos salários devidos, no caso de demissão do emprego antes do prazo de vigência estipulado no contrato.

Restringe a fiscalização das empresas

A MP determina apenas a orientação, nos casos de descumprimento de normas de saúde e segurança do trabalho e  impõe uma dupla visita dos auditores fiscais do trabalho, inclusive nos casos em que o trabalhador é submetido a condições análogas à escravidão.

Restrição à Justiça do Trabalho gratuita

Só direito a Justiça gratuita trabalhadores com salários de R$ 2.573,42, ou cuja renda familiar mensal per capita seja de até meio salário-mínimo (R$ 550) ou com renda familiar mensal de até três salários-mínimos (R$ 3.300).

Dispensa sem justa causa

A MP permite a possibilidade de dispensa sem justa causa, mesmo havendo em seu texto a garantia provisória de emprego durante a sua vigência.

Trabalhador paga por erro de empresa no BEm

Em caso de recebimento indevido do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, por erro do empregador ou do próprio governo, haverá desconto dos valores nas futuras parcelas de abono salarial ou de seguro desemprego a que o trabalhador tiver direito.

Substituição de trabalhadores

Como as empresas podem contratar 15% do seu quadro funcional  pelo Requip e outros 25% pelo Priore, existe a possibilidade de até 40% dos trabalhadores mais antigos e com melhores salários serem substituídos por esses modelos , mesmo que a MP “proíba” este tipo de substituição.

Prejudica saúde do trabalhador

O empregador poderá optar pela realização dos exames médicos ocupacionais periódicos, para os trabalhadores em atividade presencial ou em teletrabalho, por meio de telemedicina, sem diferenciar o tipo de atividade exercida.

Prática antissindical

Nos acordos coletivos feitos pelos sindicatos para receber a contrapartida do seguro-desemprego nos casos de redução de jornada e salários e suspensão de contratos, o trabalhador com redução abaixo de  25% não receberá nada.

Nas reduções de 25% a 50%, receberá apenas 25% do seguro-desemprego, ao contrário dos acordos individuais que podem receber 50% do valor. Nas reduções maiores do que 70%, o valor se limitará a 70%.

Nas reduções salariais maiores que 50% e até 70%, o benefício será da  metade do seguro-desemprego. Nas reduções mesmo que maiores do que 70%, o valor será limitado 70%.

3 – Programa Nacional de Prestação de Serviço Social Voluntário

Para que prefeituras também possam contratar sem qualquer vínculo trabalhista, a MP 1045 criou o Programa Nacional de Prestação de Serviço Social Voluntário, destinado a  jovens de 18 a 29 anos e a pessoas com mais de 50 anos.

Fonte: Rosely Rocha com edição de Marize Muniz – CUT Brasil

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Tenho direito a uma correção na conta? Saiba o que é e como consultar o Lucro do FGTS

Caixa irá distribuir o lucro para 191,2 milhões de contas até o dia 31 de agosto

Por: Brasil de Fato



Caixa Econômica Federal iniciou a distribuição de R$ 8,1 bilhões do lucro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aos trabalhadores com saldo em conta no dia 31 de dezembro de 2020. O valor é 96% do lucro de R$ 8,468 bilhões obtido pelo FGTS.

Quanto maior o saldo na conta vinculada ao fundo, maior o valor que o trabalhador irá receber. Para saber qual será a parcela a ser depositada basta multiplicar o saldo que havia na conta no dia 31 de dezembro e multiplicar por 0,01863517. A cada R$ 1 mil de saldo, por exemplo, o trabalhador receberá R$ 18,63. No total, a Caixa irá distribuir o lucro para 191,2 milhões de contas até o dia 31 de agosto.

Como consultar?

Para consultar o saldo, existem dois caminhos. O primeiro é por meio do aplicativo do FGTS, disponível  para telefones com sistema Android e iOS. O segundo é a consulta do extrato, no site da Caixa Econômica Federal. Caso não seja possível realizar a consulta pela internet, o trabalhador pode ir até a uma agência da Caixa e solicitar o extrato no balcão de atendimento.

Veja também: Com salário de R$47 mil, Pazuello fez duas reuniões em 84 dias em cargo no Palácio do Planalto

O FGTS rende 3% ao ano mais a taxa referencial (TR), utilizada para corrigir os valores ao longo do tempo de acordo com a inflação. No entanto, como a TR está zerada desde 2017, o rendimento corresponde a somente 3% a cada ano, que pode ser ampliado pela distribuição dos lucros.

De onde vem o lucro do FGTS?

Enquanto o saldo do FGTS não é sacado pelos trabalhadores, o governo utiliza o dinheiro para financiar investimentos em saúde, saneamento, habitação e infraestrutura. Em troca, o governo cobra juros que são revertidos em lucros.

Edição: Daniel Lamir