Por: CUT São Paulo
CUT - Garantir o fortalecimento das entidades sindicais para construir uma futura negociação nacional dos trabalhadores e trabalhadoras do setor de bebidas no Brasil e ampliar a luta por direitos que foram retirados no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Essas e outras estratégias de luta foram tratadas nesta quarta-feira (23) no Seminário Nacional de Bebidas, realizado pela Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores da Alimentação (Contac), filiada à CUT, e a União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (Uita). O evento segue até esta quinta-feira (24), no auditório da CUT, no centro da capital paulista.
Participaram da atividade federações e sindicatos filiados à Contac-CUT de todo Brasil.
Presidente da Contac-CUT, Nelson Morelli apontou que com o novo governo eleito renovam-se as esperanças, mas será a capacidade de luta da classe trabalhadora que fará a diferença.
“O seminário é um pontapé, um ponto de partida na reorganização desse setor expressivo em nosso país. O que fará a diferença agora é nosso poder de mobilização para avançarmos em direitos sociais e nas nossas negociações”, disse.
Vice-presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, defendeu a reestruturação sindical como parte essencial da democracia e falou sobre o desafio de organizar os trabalhadores e trabalhadoras no mercado informal.
“Precisamos de uma reestruturação sindical que coloque em pauta o financiamento das organizações sindicais e o fortalecimento dos sindicatos. Bolsonaro tentou acabar com a nossa luta, mas não permitimos isso, vencendo ele nas urnas. Precisamos fortalecer a negociação, as convenções coletivas e nos preparar para representar quem ainda não tem representação, principalmente trabalhadores e trabalhadoras de plataformas e aplicativos que são grande parte da classe trabalhadora”, pontuou.
Para o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil), Rafael Marques, é preciso reverter o quadro de desindustrialização no Brasil que persiste há algumas décadas e fazer com que a indústria, inclusive de bebidas, se torne um motor para o desenvolvimento.
“A TID-Brasil elaborou o Plano Indústria 10 ao longo de 2020 e 2021 com a proposta de fortalecer a indústria, reindustrializar o Brasil e fazer desse setor um ponto de acesso e colaboração com as demandas sociais brasileiras. O segmento industrial de bebidas é o setor que mais cresce no país, tem capacidade, qualidade, bons produtos, boas marcas e uma das missões é internacionalizar a presença brasileira mundo afora. Uma forma de atrair empregos é a modernização do parque produtivo”, explicou.
Não há democracia sem sindicato
Para o advogado Ronaldo Machado, há ainda um cenário desafiador a ser resolvido, como é o caso da pejotização ampla no setor de bebidas.
“Quantos trabalhadores foram transformados em supostos empreendedores, perdendo direito às férias, ao décimo terceiro salário, com a ideia de que são pequenos empresários, o que não é verdade. O seminário traz essa discussão e nos permite apontar para o novo governo, para as novas autoridades do Ministério do Trabalho, essas questões. E tratar ainda sobre uma forma de contribuição efetiva para os sindicatos, que abranja todos os beneficiários da negociação coletiva”, defende Machado.
Nesse sentido, a secretária de Comunicação da Contac-CUT, Geni Dalla Rosa, destacou a importância da mobilização sindical. "Não adianta dizer que Lula vai resolver todos os nossos problemas e revogar todas as reformas imediatamente. Existe muito a ser feito e se não formos às ruas e seguirmos nas portas de fábrica, isso não vai avançar como esperamos.".
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Coca-Cola do Uruguai, Gustavo Sotelo, destacou que não há democracia sem trabalhadores buscando a justiça e o progresso.
O dirigente citou a vitória de Lula como conquista ampla para o Brasil e os países da América Latina. “Há uma diferença de um governo que surge da classe trabalhadora. As organizações sociais e os trabalhadores e trabalhadoras são o que movem um país”.